Esvaziando a mente, mas só por um tempo

Ontem eu estava pensando no quanto, às vezes, é preciso esvaziar a mente. É preciso parar de pensar, por momentos. Eu cheguei a essa conclusão depois de muito pensar. Vivo indiferente ao mundo exterior e muito mais dentro da minha mente. Dentro dos meus conflitos internos. Mas eu percebi que estou no mundo aqui fora e não no interior e que este deve ser usado apenas como um refúgio. Acho que uso mais o refúgio, porque tenho medo dessa “realidade”. Minha criação é mais bonita e mais fácil de lidar, porém as vezes não sei como conciliar esses dois “mundos”.

Estava pensando que talvez não exista lugar para os meus sonhos nesse “mundo real”. O “mundo” paralelo que criei, de vontades, sentimentos e ações é surreal demais para ser transposto para a “realidade”. Meus sonhos nem sempre cabem do lado de fora.

Comecei a estudar jornalismo por causa do sonho de ser jornalista, sonho se dá pelo interior. Hoje quando me perguntam onde quero trabalhar percebo que meu jornalismo é muito utópico. O jornalismo que quero fazer existe espalhado por ai, mas não condensado em um lugar só. Eu me sinto feliz fazendo algo novo. E tudo tão igual que as vezes não me encaixo.

Não só sonho profissional, mas sonhos de relações com as pessoas, o que espero delas nem sempre existe. Espero mais do que elas podem oferecer. Quanto a isso fico em silêncio. E esse meu silêncio no fundo é um grito de sentimentos que não encontro aqui fora. É um grito silencioso de um sentimentalismo que só existe dentro de mim e que se transporta para a fora em felicidade e nem sempre volta para dentro. Todos os planos que faço para o futuro são surreais. Eu acho que a “realidade” perdeu a sensibilidade.

Uma vez ouvi dizer que só se pode ser revolucionário quando se é jovem ou quando seu espírito ainda é jovem, porque depois perde-se esse desejo de mudar algo e você se adapta a rotina e as regras e não sente mais vontade de mudar nada, se acomoda. É assim com os sonhos e essa vontade de trazer os pensamentos utópicos para o lado de fora, ela se acaba a partir do momento que você se acomoda com o mundo. Acredito que as pessoas que estão sempre pensando e sonhando nunca se acomodaram, e sempre inventam algo novo, mesmo que dentro de suas mentes. Mas no fundo essa falta de encontrar do lado externo o que existe internamente me deixa com medo de sonhar.

Eu sempre ando onde poucos querem andar, Embora esteja quase sempre caminhando com a multidão que anda por outros caminhos. Acho que estou envolvida nesse caminho da maioria. Porém raramente estou, onde fisicamente estou. Se me encontro rodeada de pessoas isso é sinônimo que me encontro só, comigo mesma. Se estou com poucas pessoas, de fato estou. Fico analisando cada frase construída nas conversas e nos silêncios. Eu gosto de ficar pensando e me atrapalho com esse mundo de agir, agir e agir.

De fato sei que viver esse “mundo paralelo” é complicar as coisas é que seria muito mais simples e fácil me adequar a tudo, mas esse interior me faz bem e me traz calmaria e felicidade, mesmo com medos de tantos sonhos e de não conseguir viver no “mundo real” por estar ligada demais ao imaginário eu vou continuar vivendo neste, porque já não consigo mais me desprender dele. Esse silêncio grita dentro de mim. E aqui esvazio a minha mente, mas só por um tempo.

Imagine se não imaginássemos

Estava aqui imaginando a vida se não pudéssemos imaginar. Às vezes a imaginação passa despercebida, e esquecemos sua importância. Temos horário marcado com isso com aquilo e vivemos demais no “real”. Para mim esse “real” só existe por causa da imaginação.

Fiquei pensando na ciência sem a imaginação. Pode ser a maior invenção do mundo, a mais perfeita, o cientista vai sempre precisar da imaginação para criá-la, alias a criação é um processo que exige muito do nosso poder imaginário. Sem ela o mundo estaria estagnado. Sem ela jamais teríamos evoluído.

Além disso, a imaginação tem o grande papel de nos entreter, com a ficção e com a arte no geral. Ela traz um pouco de lazer. Nos permite fugir dessa vida “real” que nem sempre é o que queremos. A imaginação é um refúgio. Uma fuga de para tudo que nos aflige e para tudo que não queremos que exista ou para o que queremos que exista e não existe.

Quando somos crianças ouvimos sempre a pergunta: - O que você vai ser quando crescer? Nesse momento imaginamos o que queremos ser e respondemos. É assim que nos construímos. Primeiro construímos algo em nossa mente para depois executar e transformar em real.

Agora imagina se não imaginássemos? Como seriamos? Sem imaginação não haveria arte, porque o artista não poderia criar, não haveria números por que o matemático teria problemas para imaginar a conta, não haveria medicina por que o médico não imaginaria soluções para os problemas. Não teríamos evoluído ao ponto que estamos, porque não haveria construção de coisas.

Imagino um mundo sem sonhos, seriamos como robôs, vegetaríamos. Não teríamos sentimentos desejos. Mas será que estaríamos aqui? Difícil pensar que viveríamos sem imaginar as coisas. Difícil imaginar os seres humanos realizando alguma ação sem antes imaginar como executá-la.

Bom ou ainda estaríamos vivendo na idade da pedra ou nem estaríamos aqui. É difícil imaginar uma vida sem imaginação, mas como podemos imaginar tudo, imagino que a vida sem imaginação não seria essa vida que conhecemos como vida. Mas uma vida bem mais “fria”.

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