Estereótipos

Chato essa coisa de estereótipos né?! Aprendi que o mundo é feito de signos, mas muito mais do que signos ele é feito também de estereótipos. Estamos estereotipando tudo o tempo todo e, obviamente, cometemos erros e acertos. De forma subjetiva, olhamos para as pessoas, lugares e coisas e criamos um universo em torno delas. É inevitável estereotipar alguém ou algo, mas é preciso aprender a relativizar.As pessoas que aprendem a relativizar são as mais fáceis de lidar, são pessoas que abrem os braços para as diferenças e com menos preconceitos, capazes de entender que o outro não é só o universo que criamos, mas muito mais que isso.

Acho extremamente chato essa coisa de estereótipo. Talvez seja porque o meu é muito forte, tanto quanto o de um homossexual. As pessoas me vêem como alguém quase intocável, como se eu fosse de brinquedo, tantas vezes tive que ouvir a incrível frase: "-Nossa você parece ser muito mais nova do que é". Não me incomoda meu físico ou meu jeito de menina, o que me incomoda é a falta de capacidade das pessoas para relativizar e perceber que embora eu tenha meu lado menina ele não é o único que existe.

Posso passar a maior do tempo sendo delicada, gentil, alegre e calma, mas eu também sinto todos os outros sentimentos humanos como raiva, melancolia, irritação, depressão e etc... Ninguém é totalmente uma coisa e embora isso pareça obvio a maioria das pessoas permanece no universo que elas criaram e têm medo ou se assustam quando percebem que esse universo não é totalmente real. Relativizando entendo porque as pessoas as vezes não conseguem relativizar. É quase uma convenção social ou o meio em que fomos criados, o quanto tivemos que conviver com isso ou não.

Confesso que me aproximo mais das pessoas que conseguem entender as diferenças, as minhas diferenças principalmente. Tenho necessidade de ser aceita em meu universo completo, não que eu não seja do jeito que me estereotipam, mas é que como todas as outras pessoas, sou muito mais que esse simples e apressado estereótipo.

Sinto-me dentro de uma bolha procurando alguém para estoura-la e perceber que posso viver em meio a todos os outros. Essa coisa de intocável em muito me incomoda e atrapalha minha vida, seja profissionalmente ou em relacionamentos. Faço amizade e me aproximo muito facilmente dos relativistas de plantão. As vezes eles são meus amigos reais, os outros, que só enxergam o universo que criei, são meus colegas. Encontrar um relativizador é como ganhar um doce na infância. Enquanto o mundo segue apressado e pouco observador lá fora, cômodo e sem se preocupar em sair desse estado, eu fico aqui tentando sair de dentro da bolha.

Muito pouco irritada ou chateada com essa situação e triste por todas as vezes que meu estereótipo "barra" a minha vida. É triste é a palavra ideal para resumir isso tudo, creio que não sou a única a me sentir assim. É fácil dizer que a opinião dos outros não importa, mas vivemos em sociedade e essa opinião importa sim e as vezes elas num causa um holocausto de sentimentos, esse é de tristeza, da mais pura. Deixo aqui um vídeo que em muito traduz o mundo estereotipado. Como as incorporações foram desativadas deixo o link, vale a pena assistir. http://www.youtube.com/watch?v=j15caPf1FRk

"Sérgio Sampaio, volta"

No Brasil os cantores marginalizados, considerados loucos, trágicos entre outros adjetivos, se tornam mitos e têm uma carreira de sucesso para além da morte. Cito aqui Cazuza, Renato Russo, Raul Seixas e Tim Maia. Porém eu conheci um desses cantores que sofreu um processo reverso, Sérgio Sampaio. Lembro-me agora de um trecho de sua música Ninguém vive por mim quando ele diz: “doido que não se situa”. Acho que ele era isso para sua época. Ele é um cantor pouco conhecido, mas para quem gosta de música popular brasileira ele é “ouvida obrigatória.”.

Os fãs do queridinho da Globo que me desculpem, mas Roberto Carlos, para mim, só foi rei até eu conhecer seu conterrâneo, o também capixaba, Sérgio Sampaio. Catorze anos depois de sua morte, eu o conheci. Não sei se uso deslumbrada, boba, extasiada ou encantada para designar o sentimento do momento. Suas músicas têm um ritmo envolvente, gostoso e intrigante, e as letras transbordam genialidade e nos fazem viajar em outro universo. Trechos como "os automóveis estão invadindo a 'simples cidade” e ritmos como marchinhas, samba, MPB, tango, tropicália entre outros.

Sérgio Sampaio não deteve o glamour que Roberto Carlos detém. Pelo contrário, ele foi marginalizado pelas gravadoras e pelo público. A mídia não deu, e nem dá, a ele sua devida importância. Apesar disso ele acarretou fãs renomados como Chico César, Zeca Baleiro, João Bosco, Luiz Melodia entre outros. Creio que quem tem a oportunidade de ouvi-lo se torna um fã assíduo, diria até um seguidor.

O gênio escondido foi um freqüentador aplicado das noites cariocas, vivia pelos programas que envolviam música e bebidas, era alguém fora do sistema, usava drogas e bebia muito, chegou a morar na rua e passar fome. O cantor foi descoberto por Raul Seixas, que quando o ouviu cantar, viu nele uma promessa. Os dois se tornaram grandes amigos e Raul gravou o primeiro compacto de Sérgio Sampaio.

Em 1972 Sampaio teve seu primeiro e único grande sucesso, a marcha-racho Eu quero é botar meu bloco na rua. Na época em que a ditadura militar predominava sua música ressoou como um desabafo. E no palco do Festival Internacional da Canção ele cantou seguido por um coro uníssono de milhares de vozes. Quanto a isso Sérgio Sampaio reclamava de que suas canções era para o povo cantar e que só era possível botar o bloco na rua se a população o acompanhasse. Mas sua fama de indisciplinado não o deixou ser popular. O compacto vendeu mais de 500 mil cópias, só por causa do hit, tanto que o sucesso não se repetiu nos Lp’s posteriores. Após o hit, a mídia tentou transforma-lo em um “Roberto Carlos”, mas ele não quis e gravou seu próximo disco independente, desvinculado de gravadoras.

Ele faleceu em maio de 1994, vítima de sua vida desregulada e de uma crise pancreática. Poucas pessoas foram ao seu enterro e a mídia falou pouco sobre o assunto. Hoje, 15 anos após sua morte deixo a você leitor mais interessado e atento essa história desse cantor enrustido que apesar de ser pouco conhecido merece ser ouvido por suas canções ímpares. Encerro indicando uma das músicas que é homenagem ao cantor, a música Sérgio Sampaio, volta da banda Cérebro Eletrônico. A canção deixa uma saudade gostosa de um sucesso que não existiu.


Texto baseado no site http://www.samba-choro.com.br/artistas/sergiosampaio

Você não vai achar.

Quando a energia elétrica acabar? Não se preocupe você não vai achar a vela tão cedo, ela está escondida em um cantinho bem deserto da sua casa. Afinal de contas quando que a força vai acabar não é mesmo?! E se você encontrar a vela não fique feliz você não vai achar o fósforo tão logo. Mas agradeça por não estar debaixo do chuveiro tomando seu ex-banho quente. Não adianta colocar esse guarda chuva na mochila não. Não vai chover durante os oito dias que você carregar esse peso. Porém quando você tira-lo da mochila vai cair o maior pé d’água.O mesmo acontece com essa sua blusa de frio a espera de uma nevada. Ah! Sabe aquele sorteio de um cofre que é um porco verde vestido de quadrilha? Prepare-se você vai ganha-lo, esqueça seu bilhete da mega sena.

Vão te passar uma informação super importante, nem adianta procurar essa caneta que estava ai na sua mochila, ela desapareceu misteriosamente e você não vai encontra-la de jeito nenhum. O jeito é gravar na cabeça. Até parece que isso vai funcionar. Agora tem um elefante e dois camelos atravessando a Afonso Penna as 3 da madruga e você é a única pessoa que está vendo? Pode pegar seu celular ultra moderno com câmera de 8 lanchonetes da malhação, só te aviso que ele está sem bateria. E sim, as pessoas não vão acreditar com você contando.

Você quer aquela sua blusa vermelha? Ela não vai estar no lugar de sempre no guarda roupa e você não vai encontrá-la a tempo de sair para a balada. A5D8 perto do poste com fita azul. Você está gravando isso para quê? Jamais vai encontrar seu carro nesse estacionamento gigantesco. Você vai demorar horas para encontrar esse seu uno cinza. Se a conta do “buteco” ficar cara você não vai achar sua carteira de jeito nenhum e vai ficar com fama de caloteiro. Deu uma de espertinho e chegou cedo a palestra. Isso é um problema. Os bancos da frente vão estar reservados e na tentativa de escolher o melhor lugar você vai escolher o pior lugar. Pois é o professor Girafales vai sentar na sua frente. E agora não adianta tentar trocar de lugar, já está tudo ocupado.

As coisas não vão estar no lugar e na hora que você precisa e as suas escolhas vão dar errado. Mas isso é só as vezes. Ria da lei de Murphy, é importante.



Os monstros e as pessoas.


O que sempre olho em uma pessoa ao conhecê-la é o seu coração. Sempre gostei de pessoas sensíveis. Sinto nelas um espírito de criança. Nunca soube lidar com pessoas de mau coração. Não, eu não sei lidar com elas. Quando as convenções sociais me obrigam a lidar com essas pessoas, vejo o quanto sou menina. Aquela mesma menina que na infância tinha medo de bicho papão e de fantasmas. Sim, na infância nossos medos são de monstros. Quando "cresci" descobri um medo maior: o medo das pessoas. Na infância os adultos são nossos super-heróis e nos perguntamos o que queremos ser quando crescer.

Quando "cresci" descobri que não quero ser humana. Hoje no escuro eu tenho medo das pessoas. Reflito o quanto isso é contraditório, sinto medo da minha própria espécie. Sinto falta de um tempo em que eu via o mundo lá de baixo. Meus olhinhos pequenininhos e meio assustados fotografavam o mundo de contra-plongé. Eu tinha um abajur no meu quarto pra fazer uma meia luz, caso o lobo mal aparecesse. Sinto vontade de ser a menina que corria para trás das penas da minha mãe chorando quando alguém brigava comigo. Hoje não são mais as brigas, mas sim as magoas. Hoje o abajur são meus amigos sinceros.

Às vezes essa vida de gente grande não tem a menor graça. Com meus olhos de menina, assim como o Nelson Rodrigues, ainda vejo o mundo pelo buraco da fechadura. Me apaixono pelas pessoas de bom coração. Me apaixono por delicadezas miúdas dessas pessoas. Ah! Me apaixono. Me tornei uma adulta que ainda mantêm vivos sentidos da infância.O mesmo apego que tinha pelos brinquedos, hoje tenho com as pessoas. Vivo me apaixonando e me desapaixonando a cada instante. Acho que sou uma apaixonada constante ou inconstante. Nesses meus medos de menina, as pessoas de mau coração são meus bichos papões eternos e as de bom coração, e que me provocam interesse, os meus amores incuráveis.

Copyright @ Centopéia | Floral Day theme designed by SimplyWP | Bloggerized by GirlyBlogger