O cobertor.


Sempre gostei de frio. Os abraços são mais fofinhos e aconchegantes. As pessoas de blusa de moleton, cachecol, calça cumprida, luvas, pessoas se auto apertando, gosto de tudo isso. É mais confortável para ver filme e eu posso passar o dia todo de meia. Aliás as meias, acho elas uma delicinha, brancas, amarelas cheguei, pretas básica, coloridas, listradas, novas, velhas, adoro usa-las. Ah!! As meias.
E tem mais uma coisa que tanto gosto no frio: meus cobertores. Hum!! Como eles são aconchegantes e macios. Eu ainda tenho meu primeiro cobertozinho, tenho ainda? Acho que sim. Ele é azul, curtinho e com as bordas brancas, mas hoje cresci (ao menos um pouco) e é meu edredon que me acompanha. No frio é a oportunidade perfeita para me encher deles. Colocar meus cobertores e senti-los quase como um abraço. Em segundos o frio se transforma em um calor não muito grande, mas exato e gostoso. Tem sido assim esses dias, se muitas vezes falta calor humano nessa vida corrida, sobra cobertor nas minhas noites solitárias.

A bicicleta


As vezes queremos tanto alguma coisa que ficamos cegos com o resto do mundo. Quando não conseguimos o que almejamos, sentimos uma decepção enorme. Sabe aquele papo de que se você lutar você consegue? Acho que é isso que mais nos frusta. Ficamos pensando que não lutamos o suficiente. Mas não vejo isso bem assim. Porque tem coisas na vida que mesmo se lutarmos muito não vamos conseguir.
Quando penso nisso, lembro-me de um episódio da minha infância. Fui com a escola para uma Transitolândia(acho que era esse nome), chegando lá tinham várias bicicletas e uma pista de carros com sinal de trânsito, placas de pare, faixa de pedestres, etc. Eu, que sempre tive essa estatura nada avantajada, não "dava pé" nas bicicletas. Mas adorava andar de bicicleta, por isso quis subir nela mesmo assim. Lembro que a professora me aconselhou a não subir, mas eu cismei que queria andar nela. Então subi, e como não alcaçava o banco tive que sentar no quadro. No começo estava tudo bem, até que veio um morro e eu resolvi enfretar o desafio de descê-lo. No meio da descida perdi o pedal, e fui vendo céu e chão em alguns instantes. Era como estar bebada e tudo girar rapidamente. Meus braços e minhas pernas começaram a doer. Sangrou bastante, as professoras correram para me socorrer, mas criança acostumada a cair, eu nem chorei, na verdade nem liguei, só fiquei triste porque não podia andar na tal bicicleta de novo.
Recorro a esse episódio para pensar que muitas vezes não somos "grandes" o suficiente para subir em algumas bicicletas. Se fosse hoje eu alcançaria o pedal tranquilamente, mas na época aquela bicicleta não era para mim eu precisava crescer mais. Precisava andar primeiro em bicicletas menores que se adequavam a meu tamanho para depois subir em uma grande. Por maior que fosse minha vontade de pedalar a "magrela" eu não ia conseguir, pois ela era muito grande para mim.
Hoje minha vida, muitas vezes precoce para mim, me coloca diante de uma bicicleta que meus pés não alcançam. E quando não consigo pedala-la me decepciono. Mas depois reflito que eu preciso amadurecer mais, que talvez aquela bicicleta não seja para mim naquele momento. Preciso crecer e amadurecer e se eu tentar e cair. Não importa que sangre, devo me levantar, porque cresci acustumada a cair. Essa história da bicicleta é uma calma para meu coração.

Fim do encantamento


Eu ainda guardo a frase de uma amiga “o encantamento é a mola propulsora”. De verdade, é mesmo. Encanto-me facilmente por algo ou alguém e me desencanto facilmente também. Quando estou encantada crio um universo em torno do algo ou alguém. Tanto que chego a arrepiar, a ter pressa de viver. É extremamente intenso. Mas um dia olho para esse encantamento e não encontro mais sentido. Acho o alguém ou o algo bobo. Aliás, acho tudo que vivi em torno desse encantamento totalmente bobo. Sinto até certa vergonha interna. Fico olhando para o encantamento com o mesmo olhar de quem derrubou um leite no chão.

É como comer uma barra de chocolate. No começo é maravilhoso, no meio fico completamente envolvida e fico querendo guardar para mais tarde. Mas uma hora chega ao fim. Nesse momento bebo um copo d’água, para tirar o gosto doce da boca, e continuo minha vida medíocre como se nunca tivesse comido o tal chocolate. Quando o vejo novamente já não sinto vontade de comê-lo. Acho que procuro outras opções na padaria. Raramente como de novo o chocolate. Às vezes tenho uma sensação de perda, assim como tenho de qualquer coisa que passa em minha vida. O medo dessa sensação dificulta o fim do encantamento. Mas vejo esse desencanto como algo positivo. É preciso desapegar, a vida é rotativa. E eu vou aguardar o próximo encantamento já que um chegou ao fim.

"Você não sabe o que aconteceu."

Hoje estava naveguando (seria mesmo navegando, porque não andando?) pela internet procurando mais músicas do Tom Zé. De repente, vasculhando o myspace, encontro a música Tom Zé é pai. Não que o título não tenha me parecido interessante, mas de fato não era que o que eu procurava. Vasculho mais um pouco e nada do que eu queria. Metade preguiça, metade vontade de ouvir música, resolvo ouvir a tal música mesmo. Vejo que a banda se chama 1/2 dúzia de 3 ou 4. Intrigante e engraçado o nome, penso. Começo a ouvir todas as músicas e em um segundo já não estou mais de frente para o computador, sentada em minha cadeira. Começo a viajar com a trilha sonora da música Fique Sabendo. Sinto-me de frente para um circo, com muitas cores, alegria e até alguns brinquedos cômicos. O ritmo me lembra infância, teatro e a letra é engraçada. Gosto de conhecer novas sonoridades. Isso REALMENTE me deixa feliz. Sempre usei a música para extravasar ou para me acalmar. E agora a canção foi um acalanto para o meu coração já meio cansado de bater. Sinto enorme paz interior. Me senti no dever de compartilhar esse descoberta com mais pessoas. Como será difícil descrever a sonoridade deixo aqui o site dos músicos e o video com a música da banda. A letra da música é hilaria êêê.

Site da Banda: 1/2 dúzia de 3 ou 4

Amor invisível


Ah!! Se a minha cabeça encaixasse direitinho no seu ombro. Se teu abraço fosse tão aconchegante quanto meu edredon em um dia frio. Se teu cheiro fosse tão bom quanto o cheiro de chocolate. Se teu beijo fosse tão gostoso quanto sorvete de flocos. Se minhas mãos entrelaçassem as suas como um nó cego. Se tuas palavras me alegrassem assim como os enfeites de natal. Se você me encantasse tanto quanto o sorriso de uma criança. Se teu carinho fosse tão imenso quanto o oceano atlântico. Se teu cuidado fosse semelhante ao de uma mãe com o seu bebê.
Ah!! Se fossemos um mais um. Se fossemos par ao invés de impar. Se fossemos amor ao invés de solidão. Se fossemos plural ao invés de singular. Ah!! Se fossemos e não sou. Se você deixasse de ser ilusão e se fizesse realidade. Se eu te encontrasse em uma esquina próxima a minha casa, se eu pudesse te sentir, se eu pudesse te tocar. É que me falta um pedaço. Me falta um par.

Tão simples e tão pouco feito.


É engraçado, mas não sei e acho que nunca vou entender porque as pessoas tratam as outras mal. Isso realmente me deixa chateada. Quando alguém me trata com má educação eu chego a sentir uma dor no coração, um nó na garganta, fico trêmula e sem rumo. Hoje vivi um episódio assim e percebi que mesmo depois de tantos gritos de chefes estressados, de tantas pessoas sem paciência, eu ainda não aprendi a lidar com isso. Há coisas que nunca vamos entender na vida.
É tão simples respeitar o próximo e tratá-lo com educação. É tão bom para ambos. Todos temos momentos de raiva ou de problemas difíceis, mas as outras pessoas não têm culpa disso. Quando você respeita alguém, você se respeita. Eu tento tratar as pessoas, todas elas, com a maior educação. Acredito que tudo pode ser conversando, não precisa gritar, ser mal educado ou brigar. É tão bonito, simples e fácil tratar as pessoas bem e de forma educada. Isso é amor, é sensibilidade, é muito belo. As pessoas são o que elas fazem, é assim que contruimos a imagem delas. Sabemos o que uma pessoa significa pela forma como ela nos trata.
Lembro-me de um dos piores momentos da minha vida. Meu coração e minhas esperanças se despedaçaram em um segundo. Mas quem fez isso, fez de forma tão delicada que hoje não sinto qualquer rancor ou raiva, penso com um certo carinho e muita admiração. Foi algo triste, mas que se amenizou da forma como foi feito. Você sempre pode amenizar uma magoa ou uma dor. As tristezas têm a intensidade da forma como ela foi provocada. Agora criei meu momento nostálgico com trilha sonora e tudo.

"Simples cidade"

Tenho sentido vontade de ir embora de todo esse barulho da cidade, por aqui falta sensibilidade e sobra individualidade. Falta sonho e sobra realidade. Queria mesmo era ir morar em uma casinha de sapê, dependurar uma rede na "varanda", cozinhar no fogão a lenha, plantar uma horta, comprar uma cabra leiteira e pregar uma cerquinha branca em volta da casa só para dar um charme. Ah!! Se eu arrumo um par me mando e vou morar nessa casinha no meio do nada,sem chefe, chofer ou cooffe. Sem horário, trabalho ou salário. Sem emprego e nem dinheiro. Rede por lá só a de balançar. Pressa só para viver intensamente. Individualidade só na hora de ir ao banheiro. Ia sobrar companheirismo, afeto e carinho.
Ao amanhecer o galo canta e o sol vem anunciar que o dia está começando. Acordo cedinho, sento em baixo da árvore e tomo café ali mesmo assistindo o nascimento do dia. Reparo cada detalhe cada movimento do céu. Ao entardecer o céu se torna estranho, lá vem a noite. Me deito na rede e fico vendo a lua aparecer milimetricamente. As estrelas aparecerem uma a uma e logo formam uma imensidão de luzes. Ah!! Se eu encontro um par. Me mando e vou viver de amor,com amor e para o amor. Viver em uma "simples cidade". A casinha seria mais ou menos assim:

Um sábado a noite


Era sábado a noite e desde o momento em que peguei o ônibus comecei a observar o que me rodeava. Todos os passageiros arrumados, a maioria jovens, dando a entender que iam sair para se divertir, ajeita o cabelo, a roupa, olha no vidro do ônibus que vira espelho. E eu sentada, meio sem rumo.

Depois de muito tempo chego ao meu destino. Uma fila enorme. Porém acho meu primo rapidamente. Logo na entrada me deparo com papo de estereótipo. O segurança me pedi a identidade olha para a foto e para mim, confere a data de nascimento e lá vem a frase: - "Você parece ter 13 anos." Dou aquele sorrisinho simpático, meio sem graça e respondo a frase de sempre:- Todo mundo diz isso.

Depois de um bom tempo começa o show do Marcelo Camelo. O carisma do barbudo me chama a atenção. Mas fiquei mesmo foi observando as pessoas ao meu redor. Eram listras e xadrez se balançando e cantando a música vivamente.Engraçado, se eu visse aquelas pessoas na rua, nunca iria imaginar elas ali, extravasando seus sentimentos, sorrindo, perdendo a timidez e o ar de seriedade em um segundo.

Engraçado como em show ninguém é de ninguém, todo mundo se esbarra o tempo todo, ganhamos uns abraços instantâneos. Existem os inquietos que ficam andando tentando achar o melhor lugar e perdem o show nessa busca. Como sempre meu tamanho só me permitiu ver o palco de relance. Ao meu lado vários casais. Em uma das músicas sinto certa deprê. Enquanto Camelo canta janta um casal ao meu lado se abraça e sente a música de uma forma linda. Parecia cena de filme. Sinto falta de algo assim e vou para a casa feliz e nostalgica.

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