Suprir


Acho que essa é a palavra que mais permeia nossa vida. De fato, estamos sempre suprindo alguma coisa com outras coisas. Se alguma coisa nos deixa triste procuramos algo que nos deixe feliz para esconder a tal tristeza. Se alguma coisa dá errado procuramos também algo que nos deixe feliz para dizermos a nosso interior que outras coisas deram certo. Muitas vezes me pego disfarçando a dor com uma música que gosto no último volume. Outras vezes produzo algo, como os textos para o blog, para disfarçar alguma decepção. A solidão sim é a coisa mais difícil de ser suprida, falta, saudade, quase nada consegue suprir esses sentimentos, msn, orkut, telefone, amigos, algumas coisas disfarçam esses sentimentos, mas nem sempre suprem por completo. Existem coisas, como abraços, beijos, belas palavras, carinho e muito mais que é difícil de suprir. Andei suprindo um monte de coisas em minha vida e agora percebo que suprimi a minha vida. Ando agitada, euforica e tensa com o nada. Esse vazio que tanto me incomoda que tanto olho com enorme curiosidade. Apesar da vontade de preenchê-lo, confesso que também me agrada o fato dele estar ali e por isso procuro os metódos mais complexos para preenchê-lo. Para suprir a bola de neve e o círculo vicioso que transformei essa suprisão de coisas. Sinto agora vontade de colocar minha mochila nas costas e sair pelo mundo. Câmera na mão e sair registrando pessoa por pessoa que eu conhecer, não passar com elas mais que um dia e ir embora de novo. Sei que quase todas as pessoas já tiveram essa mesma vontade, e creio que todas elas queriam suprir algo a minha é para disfarçar a dor de um vazio.

Luzes



Ainda carrego comigo muito da minha infância e uma das coisas que mais lembro é de um tênis com "luzinhas" que ganhei. Foi um dos meus melhores presente, tanto que nunca o esqueci. Eu andava olhando para o chão fascinada pelas "luzinhas" e por isso saia trombando em tudo a minha frente. Ficava pulando e olhando para elas. Não tenho mais esse tênis. Porém ainda vivo alucinada com todas as luzes. Elas estão por todos os lados na cidade de BH tanto que até apagaram as estrelas, segundo meu amigo Hélio. Ainda fico boba, alucinada com aquele monte de pontinhos luminosos. Todos os dias dentro do ônibus quase quebro o pescoço para olhar as luzes da cidade. Passo em uma parte alta e fico o tempo todo encantada com os focos de luz, tão coloridos. Confesso que quanto mais longe de mim eles estão mais eu gosto, porque eles ficam mais brilhantes e se transforma em muitos. Todos os dias antes de dormir dou uma olhada para as luzes da cidade da janela do meu quarto. Eu gosto mesmo das luzes da cidade, embora também sinta falta das lindas estrelas no céu. Gosto também do reflexo das luzes na água, são sempre lindos. As luzes me trazem uma sensação de calmaria, acho que elas são grande motivo para eu gostar tanto do natal, todos aqueles pisca-pisca são um pariso para mim. Finalizo aqui esse texto e vou olhar as luzes antes de dormir.

São tempos difíceis para os sonhadores


As nuvens dançavam em um céu que parecia mais azul que o de costume. Um arco íris imenso me lembrava o tempo dos ursinhos carinhosos e o sol, reluzente, me fazia enxergar as cores do mundo. Nas ruas pessoas pintavam os muros e as calçadas com as cores do Almodovar. Muitos pedestres caminhavam calmamente, volta e meia aconteciam uns abraços surpresa. Os carros andavam de forma a combinar suas cores. Não haviam sinais para pedestres, porque os carros os esperavam atravessar. Logo cedinho foi servido um café comunitário, capuccino com torradas e geleia de goiaba. Nos muros também haviam pessoas escrevendo poesias, frases de alegria, de amor, de carinho e etc. Ao meio dia a praça sete recebeu a maior panela do mundo com uma macarronada onde as pessoas podiam nadar e comer. Sucos de vários sabores e cores e uma deliciosa torta de morango como sobremesa foram servidaos em uma imensa mesa improvisa com madeira e uma toalha xadrez. As árvores floreciam por toda parte, ainda que não fosse primavera. Ao entardecer, bandas espalhadas por toda a cidade tocavam a trilha sonora do filme O Fabuloso Destino de Amelie Poulain. Era unissono pela cidade inteira. Peças de teatro, mágicos e artistas de rua em geral animavam os caminhos. Bem a tardinha o sol vai dando seu adeus e vem a lua compor a noite. As luzes da cidade se acendem, coloridas ainda Almodovar. Pela cidade várias torres enormes que as pessoas subiam para enxergam todo o seu colorido. Aqueles pontinhos reluzentes abduziam os olhares atentos. No frio pavoroso, muito chocolate quente para todos. E as casas, todas sem muros, iam se completando com seus moradores. Os quartos continham abajures, endredons, almofadas, tudo muito colorido. Chegando ao fim do dia, as pessoas encontraram um acalanto, recostando e encaixando perfeitamente suas cabeças em seus travesseiros fofinhos.

Mas são tempos difíceis para os sonhadores.

"Adeptos do casamentos imediato"

Esses dias encontrei uma comunidade bem engraçada no site de relacionamentos orkut, ela se chama Adeptos do casamento imediato, a descrição era a seguinte:

"Motivados pela emoção do momento, muitas vezes deixamos a razão de lado...
— Case comigo.
— Caso. Agora."

A comunidade tem 6.401 membros, se todos realmente são adeptos a isso eu não sei, mas que é gente a beça isso é. Lendo alguns tópicos vejo muitas pessoas procurando alguém para se casar, a estilo de anúncio de jornal, com o telefone trocado pelo perfil no site. Alguns membros da comunidade parecem levar bem a sério essa coisa dos anúncios, embora outros entendam a comunidade como uma grande brincadeira. Já pensou se algum desses anúncios vinga e as pessoas se casam por ali? Ainda nos tópicos duas pessoas contam suas experiências casar após um mês de namoro e de estarem felizes. Fala-se também de divorcio imediato com um certo humor. É engraçado porque lendo assim parece completamente absurdo, mas confesso que já tive vontade de casar assim repentinamente. São realmente momentos em que estamos tão envolvidos com a situação que queremos ela "para sempre" e ai dane-se as dívidas, brigas ou problemas conjugais queremos mais é casar logo e viver junto até o fim. Casamento é um tema estranho ele já teve vários significados, da obrigação ao amor. Agora tomou esse estranho sentido de motivação pela emoção. E cada vez mais temos notícias de pessoas que casam imediatamente e que são felizes. Bom eu só digo uma coisa meu orfão coração e pelo visto nem tem orfão assim, espera se casar. A bicicleta compro depois. Acabo de clicar em participar na comunidade e me tornei uma adepta do casamento imediato.

Momento Amelie Poulain



Trecho do filme: O Fabuloso Destino de Amelie Poulain:

"Ela parece distante... talvez seja porque está pensando em alguém.

- Em alguém do quadro?

- Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.

- Em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.

- Ao contrário, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.

- E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr ordem?"

Eu me pergunto quem vai pôr ordem? Quem??
Tem filmes que me sinto parte deles.

Com açucar, com afeto e com fim.


-Um café por favor
-Grande ou pequeno?
-Médio.
-Com açucar ou sem açucar?
-Com bastante açucar por favor.

Moça, você vai levar esse livro? Te adianto que nos primeiros capítulos será tudo normal, mas ao longo do tempo você vai começar a sentir uma afeição por ele e vai começar a querer lê-lo cada vez mais e mais. Um dia você vai ler um capítulo que a fará esquecer de tudo, do céu, da terra, das pessoas a sua volta e do mundo. Você ficará cega e louca para adquirir o livro. Ao longo dos capitulos o livro lhe começa a parecer desinteressante e por mais que você fique relendo o capítulo empolgante o fim não será como esse capítulo. Por força maior você terá que lê-lo até o final. Pode fecha-lo. Acabou. Esquece o mundo paralelo que você criou o autor do livro só o escreveu em um capítulo.

- Está doce o suficiente?
- Não. Está um pouco amargo, mas pode deixar assim.
- Sabe moço, as vezes as coisas acabam antes dos nossos sonhos.
- De que você está falando moça?
- Do fim.
- Fim do que?
- Fim do que nunca começamos.
- Como pode?
- Um episódio pode iniciar algo que nunca exista, e um dia acaba.
- Mas porque nunca existiu?
- Alguém teve medo, alguém sempre tem medo.
- Sei.
- E hora de eu ir embora também, sentido o estranho sentimento de perda.
- Perdeu o que?
- As esperanças. Quanto é o café?
- Tá ai na notinha.
- Um alto preço.
- É assim, você não quis tomar o café?
- Tem razão. Adeus ou talvez até mais. Obrigado pelo café com prosa.
- Seu troco.
- Pode ficar só vou guardar com esmero essa conversa, não vou levar mais nada daqui.



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