"será que, às vezes, a gente vai com tanta pressa ao encontro de alguém que esquece de se levar junto? Será que o Sol, quando é muito forte, faz a sombra chegar primeiro do que a gente?" Rita Apoena.
Hoje, voltei assistindo, pela janela do ônibus, uma apresentação das árvores. Elas dançavam, ainda que não houvesse música. O asfalto molhado pela chuva e uma meia luz amarelada do poste compunham o cenário(Luz, que um dia foi branca, se é que alguém se lembra). Foi uma avenida inteira assim. Em fila indiana eu ia vendo a sombra das árvores dançarem no chão reluzente. As maiores, eu quase podia tocar, as menores, eu via melhor os detalhes. Hoje, meu filme me pareceu meio preto e branco. Mas confesso que as árvores estavam lindas e eu torci para que amanhã eles não ganhassem suas cores. Saindo do filme e caminhando para casa eu vi minha sombra passar primeiro pelo portão, corri afobada e até tentei dar a mão para ela, queria que entrassemos juntas, mas ela não quis papo. Eu sai e fui desabafar com a árvore me camuflei na sombra dela, para que minha própria sombra não me encontrasse, e contei para ela a minha vontade de me unir a minha sombra. A árvore não me disse nada, apenas ficou lá me olhando. Ela já tem seus problemas e não devia estar afim de ouvir os meus. Para mudar de assunto contei para ela sobre a apresentação de suas colegas mais cedo e disse que tinha certeza que nenhum jornal publicaria essa notícia. "Ontem as árvores da avenida ... dançaram para o público às 23 horas, a entrada foi franca..." A árvore concordou com a cabeça e eu entrei em casa sem reparar se minha sombra passou na minha frente.
Hoje, voltei assistindo, pela janela do ônibus, uma apresentação das árvores. Elas dançavam, ainda que não houvesse música. O asfalto molhado pela chuva e uma meia luz amarelada do poste compunham o cenário(Luz, que um dia foi branca, se é que alguém se lembra). Foi uma avenida inteira assim. Em fila indiana eu ia vendo a sombra das árvores dançarem no chão reluzente. As maiores, eu quase podia tocar, as menores, eu via melhor os detalhes. Hoje, meu filme me pareceu meio preto e branco. Mas confesso que as árvores estavam lindas e eu torci para que amanhã eles não ganhassem suas cores. Saindo do filme e caminhando para casa eu vi minha sombra passar primeiro pelo portão, corri afobada e até tentei dar a mão para ela, queria que entrassemos juntas, mas ela não quis papo. Eu sai e fui desabafar com a árvore me camuflei na sombra dela, para que minha própria sombra não me encontrasse, e contei para ela a minha vontade de me unir a minha sombra. A árvore não me disse nada, apenas ficou lá me olhando. Ela já tem seus problemas e não devia estar afim de ouvir os meus. Para mudar de assunto contei para ela sobre a apresentação de suas colegas mais cedo e disse que tinha certeza que nenhum jornal publicaria essa notícia. "Ontem as árvores da avenida ... dançaram para o público às 23 horas, a entrada foi franca..." A árvore concordou com a cabeça e eu entrei em casa sem reparar se minha sombra passou na minha frente.