Doce ou amargo

Doce ou amargo? Amargo. Chocolate meio amargo, limonada, café com pouco açúcar, cerveja e chá gelado, de preferência de limão. Esses têm sido os ingredientes desses dias. Chá gelado de limão, tenho tomado muito ultimamente, amargo e delicioso. A conversa do buteco é sempre uma casinha de sapê, filhos e uma vida mansa. Lá fora o ônibus me espera para uma hora de viagem e o dono do bar já me avisa que a vida não será assim. Açúcar demais causa problemas de coração, abaixa a pressão e nos deixa mais leves e fracos.
Mais uma cerveja? Sim, quero ir para um mundo não tão real, um mundo amargo e ao mesmo tempo doce, doce porque meu corpo fica leve, mas não fraco. Quero não ser eu por uns instantes, quero não ser tímida ou menininha. Quero levar meu corpo junto dos meus sonhos e ser extremamente forte. Quero dançar sem medo ou vergonha, cantar e jogar pra fora tudo que está aqui dentro. Quero abraçar meus amigos e o garçom do bar. Dizer para as pessoas o que sinto ou simplesmente me fechar no meu canto e viver um mundo só meu.
Acho que me embebedei da vida e agora preciso dormir para sonhar, tudo anda tão real que as luzes já não me encantam mais tanto assim. A vida vai passando por osmose. Vou vivendo devagar, mas não é para não faltar amor e sim para não sobrar amor. O fato é que depois de uma cerveja é preciso um doce, dá glicose e reanima. Algo mudou, o paladar mudou, mas ainda preciso do doce.

boneca de pano e o boneco de lata

- Ô Boneca-de-Pano, você está triste comigo?
- Talvez...
- Mas então por que você está sorrindo?
- É que o sorriso é costurado.
- Mas se eu te abraçar, vou te machucar com minhas latas.
- Não faz mal, aqui dentro é tudo feito de algodão.

Trecho retirado do blog da Rita Apoena achei muito sensacional e quis traze-lo para cá.

Clarisse e os suspiros

Suspiros. O sol saiu com má vontade, as nuvens não sabiam ao certo se queriam chorar e Clarisse continuava sentada comendo suspiros.
-O que combina com suspiros?Ela questionou.
Talvez o tédio, o oscío, a solidão.
- Guaraná!!! Respondeu o senhor da lanchonete, lhe dando uma latinha.
De repente, a chuva resolve cair, as nuvens choram de alegria e Clarisse tira sua sombrinha se levanta leva os suspiros com ela e deixa o refrigerante para trás.
O moço lhe pergunta:
- Vai sair nessa chuva?
E a menina com um sorrisso bobo responde:
- Porque eu iria esperar a próxima?!
O vento sopra forte e Clarisse deixa cair os suspiros pelo chão, um a um eles vão se desfazendo e sendo levados com a água da chuva. A menina sai correndo e a sua sombrinha começa a ser levada pelo vento e algumas gotinhas de chuva começam a tomar o seu corpo. Com o calor do dia ela começa a gostar dos pingos de chuva, eles parecem refrescar todo o calor da sua mente e do seu coração. Então ela joga a sombrinha no chão e deixa que a água molhe seu corpo. Sentiu a sensação de alegria tomar conta dela. Nos lábios sorrisos, cantoria e o corpo dançava. Alguns estranhavam e outros dançavam ao lado dela.

Clarisse percebeu que não precisava ter medo da chuva e que se molhar não era de tudo ruim. Algumas chuvas passaram e outras virão e agora só lhe resta aguardar as próxima.

Foto retirada do site : blue blus essa sombrinha é pra quem tá revoltado com a chuva.


Mindinho

Então o dedo mindinho dele tocou o dela e ela sentiu seu corpo estremecer. Sairam caminhando e conversando asssuntos casuais com os mindinhos entrelaçados. Mais alguns passos e o indicador, o polegar e todos os outros dedos foram tomando conta da mão de Clarisse. Ele a segurou, não como os casais que entrelaçam os dedos, mas sim como pais que seguram suas crianças. Ele tocava agora na mina que estava sua suave mão. Clarisse arrepiou, gritou de alegria por dentro e por fora tentou disfarçar, os passos ficaram tortos, as pernas tremiam demais. O coração da menina não cabia dentro dela e ela achava que ia sofrer um infarto ali, bem ao lado dele.
Ele começou a mostra-la o cinetoscópio e Clarisse tentava prestar atenção, mas de mãos dadas com ele era deveras difícil. Ele explicava cada detalhe da "engenhoca" e contava a sua história, a menina mantinha o olhar atento, reparou na sua camisa dos beatles que ela tanto gostava, no velho all star azul e tentou se concentrar de novo. Ele começou a falar de um velho filme e relembrou a trilha sonora, ela tentou guardar o nome das bandas que não conhecia para se inteirar depois.
Passaram-se quatro horas, a menina foi se despedir do cinetoscópio e ele tirou o disco que girava na vitrola. Não havia mais nada. Os dedos dele foram se soltando da mão dela. Clarisse segurou o mindinho com toda força, mas foi sem sucesso. Ele pegou suas malas e foi. Ela pegou sua sombrinha de bolinhas e deu carona para algumas pessoas pelo caminho. Nunca mais se viram, mas nunca mais é muito tempo.
Tirinha retirada do site do Ryot.

500 dias com ela ou de verão como preferirem.


Não, eu não vou escrever uma crítica sobre esse filme. Só quero relatar aqui minhas imprenssões e as relações que criei dele com o mundo. Já fazia algum tempo que eu não ia aos cinemas de shopping de BH. O vicio pelos cinemas de bairro tá parrudo. Mas este era o único jeito de assistir ao tal filme. Os barulhos de pipoca, a falação e o entre sai de gente me incomodou um pouco, mas meus olhos estavam grudados na tela. Eu não fui esperando uma comédia romântica besterol americano, sabia que seria muito melhor e não me decepcionei.
Com pouco tempo de filme, eu já me indentifiquei com o Tom. Ele acredita no amor fielmente e isso faz dele um cara sensível. Se o personagem fosse real eu não pensaria duas vezes e me casaria com ele. Diferente das outras comédias românticas, Tom não fica com seu grande amor. Acho que o problema maior das pessoas que acreditam no amor é que esse acreditar nesse sentimento não basta. Você pode amar alguém, mas "só" isso não é o suficiente.
Tom acreditava que só podia ficar com Summer e que ela era seu grande amor. Lhe parecia que ninguém mais era suficiente. Ele a achava linda e gostavam das mesmas coisas, só podia ser ela. Mas ela encontrou um outro alguém para achar que só podia ser ele. Tom tenta a sorte com várias outras garotas, porque é isso que a gente faz. Começamos a procurar outra Summer, no fundo a gente sabe que num vai ter e procura só para nos provar que tem que ser aquela pesssoa e que nenhuma outra é suficiente. Em um momento ele diz: "- Não quero esquecer, quero ela." Sim, é isso. Não queremos esquecer queremos fazer a pessoa gostar da gente.
Sai do cinema lembrando do poema quadrilha do Drummond. Existem muitas pessoas que acreditam no amor, mas talvez elas precisem se encontrar e não dá pra fazer ninguém gostar da gente. Acho que é por isso que nós, os que acreditam no amor, sofremos tanto, sempre acreditamos que aquela é a última pessoa de nossa vida e que se não for ela não será mais ninguém. Mas esse "mais ninguém" só dura até a próxima paixão. O difícil é se adaptar e entender isso agora.
Quando estamos apaixonados tudo na pessoa parece lindo. Assim como Tom eu já me apaixonei a primeira vista e achei tudo lindo, por dentro e por fora. Não foram 500 dias, mas foi um bucado. Quando acabou, bebi como tom, quebrei um copo ao invés de pratos e , tá admito, achei mesmo que se não fosse ele não seria mais ninguém. Agora depois do filme aguardo minha próxima paixão, sem magoas ou ressentimentos do passado, pensando apenas como algo que foi vivido. E aguardar o dia que eu vou encontrar alguém que acredite no amor e esteja no mesmo "tom" que eu.Enquanto isso eu vou alimentar uma paixão platônica pelo tal Joseph Gordon-Levitt com esse cabelinho grande e bagunçado que sempre me causam uma impresão de sinceridade. De quem saiu de casa e não se preocupou em transmitir por fora algo que tem por dentro. Os olhinhos pequenos de quem vê o mundo pelo buraco da fechadura e as camisas de botões denunciando que é um jovem idoso. Pena que o tom não é real. Lá se vai a vida e a quadrilha do Drumond segue adiante.

Dança

dança contida, medida, escondida
passos curtos, justos, lúcidos
balanço tímido, hibrido, retorcido
gingado torto, morto, bobo


dançar, todo mundo tem vontade, mas as vezes tem vergonha.
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