Mindinho

Então o dedo mindinho dele tocou o dela e ela sentiu seu corpo estremecer. Sairam caminhando e conversando asssuntos casuais com os mindinhos entrelaçados. Mais alguns passos e o indicador, o polegar e todos os outros dedos foram tomando conta da mão de Clarisse. Ele a segurou, não como os casais que entrelaçam os dedos, mas sim como pais que seguram suas crianças. Ele tocava agora na mina que estava sua suave mão. Clarisse arrepiou, gritou de alegria por dentro e por fora tentou disfarçar, os passos ficaram tortos, as pernas tremiam demais. O coração da menina não cabia dentro dela e ela achava que ia sofrer um infarto ali, bem ao lado dele.
Ele começou a mostra-la o cinetoscópio e Clarisse tentava prestar atenção, mas de mãos dadas com ele era deveras difícil. Ele explicava cada detalhe da "engenhoca" e contava a sua história, a menina mantinha o olhar atento, reparou na sua camisa dos beatles que ela tanto gostava, no velho all star azul e tentou se concentrar de novo. Ele começou a falar de um velho filme e relembrou a trilha sonora, ela tentou guardar o nome das bandas que não conhecia para se inteirar depois.
Passaram-se quatro horas, a menina foi se despedir do cinetoscópio e ele tirou o disco que girava na vitrola. Não havia mais nada. Os dedos dele foram se soltando da mão dela. Clarisse segurou o mindinho com toda força, mas foi sem sucesso. Ele pegou suas malas e foi. Ela pegou sua sombrinha de bolinhas e deu carona para algumas pessoas pelo caminho. Nunca mais se viram, mas nunca mais é muito tempo.
Tirinha retirada do site do Ryot.

2 comentários:

Débora Gomes disse...

"Nunca mais se viram, mas nunca mais é muito tempo."
Escorreu uma lágrimazinha e deu um aperto no coração...
Eu entendi esse texto...
e acho que deve ser por isso que me doeu.

m disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
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