suicidio transcedente

eu suicidei essa noite
abdiquei de mim mesma
suicidei de frente para o espelho
embaçado pelo calor
me perdi na falta de imagem
mas quem és tu que fostes embora?
não tive tempo de te ver
na minha morte não quis ver um filme real
não me cobres ter amor agora
pois tu nunca fostes inteira
no meu último suspiro de dor
suspirei a ti
suspirei a tua ausência
jurei a ti amor eterno
prometi que viveria apenas para ti
agora estou te matando aos poucos
no calor do espelho
eu me rendo, não vivo inteiramente para ti
mas também não deixo ninguém viver por ti
e nunca deixei ninguém viver para ti
confesso que te quis apenas para mim
mas deixei que tu vivesses para os outros
agora é o fim
meu coração agoniza de aflição
o sangue escorre pelo meu corpo
me martirizo de dor
lhe peço perdão por te matar dessa forma tão dolorida
quero que saibas que fui e sou sua melhor companhia
todas as vezes que fiquei a sós contigo foi para te proteger
agora eu vou, estou seca por dentro
acabou minha última gota de sangue
meu coração deu seu útimo pulsar e adormeceu
lhe deixo sozinha
cometi um suicidio transcendente.

6 comentários:

eu eu mesmo e Irene disse...

Um dos mais tristes que li. Hoje não sei ao certo o que aflige a moça, mas ela maltratou tanto de uma parte que por sua vez não tem lá sua culpa.
O coração é inocente, e na mente que está o problema, pensamos muito, sonhamos muito. E nisso tudo o coração apenas sente, bate e age.

Se cuida.
o texto é triste, mas bonito, sincero, expressivo.

Marcos disse...

NOSSA!!!é realmente intenso...fiquei meio sem folego agustiado e ansioso..
Acho que é seu poema mais visceral...

"me perdi na falta de imagem
mas quem és tu que fostes embora?"
tem um grau de romantismo intenso nesse passagem, uma falta de indentificação ou representação..é gostei!!!

G.C disse...

O texto me remete possibilidades extremas... mas a que mais me tocou, na minha humilde condição de leitor, foi sentir que esse poema foi feito para a própria personagem, no sentido do diálogo intimista.

pra ser bem sincero, o texto é tão denso que me roubou o significado real das coisas a ponto de dizê-las, e ainda que conseguisse, acho que não seria justo.

foi o texto que mais gostei aqui, Nat.

João Killer disse...

Talvez agora que ela matou uma parte outra possa nascer e trazer novos sonhos e conquistas cocientes. Muito triste e sofrido esse texto, mostra a capacidade que o ser humano nos momentos de tristeza profunda e perda da alma. Bom te ler, pena que não é um texto de sonhos alegres.

m disse...

Eu sempre disse que preferia seus textos alegres e suaves, mas esse conseguiu quebrar essa opinião. Talvez seja um pouco meu estado de espirito.

Mas esse texto mostra a complexidade que é a vida, o sonho e tambem o simples, é apesar do sonho, apesar do querer, apesar do ser. É bonito ver tanta franqueza, tanta força e potência num texto.

Gostei de ver isso, muito bonito =)

Débora Gomes disse...

ando meio sem criatividade pra comentários.
mas eu gostei demais desse texto.
acho que é necessário matar algumas coisas as vezes, ir se livrando das cargas pesadas que vão nos transformando em coisas que nem sabemos mais se somos ou se nos deixamos transformar.
eu me vi nesse texto seu mais uma vez.
como se sempre fosse assim: a gente passando as mesmas coisas no mesmo tempo, com intensidades diferentes, mas com as mesmas dores e aprendizados...

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