angústia

O sangue escorrida das costas da minha cabeça, com um espelho de frente para o outro eu tentava curar o estrago, mas não sabia qual das imagens estavam me enganando. Sentei-me diante de todos os caminhos bifurcados e fiquei ouvindo as inúmeras vozes que agora com a dor pareciam ainda mais estridentes. Resolvi sentar e queimar meu último cigarro.
Meu corpo suado, quente, anestesciado quase não sentia o cansaço. Suja e com os passos tortos consegui chegar ao velho casebre. Sentei-me de frente para a lareira, apagada. O sangue agora começava a tocar o chão e eu continuava a esperar sem saber ao certo o que ou quem. Todas as coisas que eu queria dizer estavam guardadas dentro de mim e esses segredos me deixavam muito solitária.
- Ah minha pequena alma, estamos no muro da tristeza, entre dois jardins de felicidade.
Muito machucada, me arrastei pela casa, tentei colocar um disco na vitrola, mas só rangia. tudo na casa rangia. O único som que eu ouvia parecia estar dentro da minha cabeça, era a voz do meu pai: "Fia, vai fazer um curativo. Tem que parar esse sangue".
Desculpe pai, mas eu quero tirar toda esse sangue do meu corpo.
A noite me cai sobre o chão. Adormeço ali mesmo.
Ao acordar, sorrio ao ver que o sol secou todo aquele gelo e que aquele cenário lá fora,já não era mais tão sem cor. Engraçado como que da noite para o dia tudo mudou.
Cá dentro é que esfriou, é que eu não tinha coberta e as noites costumam fazer menos de 0ºC.
Esses dias até tenho recebido umas visitas e até que o machucado cicatrizou, mas acho que aqui dentro congelou. Algum tipo de choque anafilático. Você se lembra de como era antes, pai? então, aconteceu outra vez...


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