Pralgum arrematamento

Com uma caneta na mão eu desenhava no meu braço uma projeção do nosso futuro enquanto você vomitava os corpos femininos daquela noite. Despencada no chão, eu me esperançava que as nuvens estivesse correndo “pralgum” lugar, já que eu continuava amarrotada junto com as roupas de cama.

Me falta fôlego pra arranjar uma palavra, e apenas uma palavra, em qualquer outra língua que tenha o mesmo significado da nossa saudade. Me falta fôlego para contrariar minha quase vontade de sair na chuva de guarda chuva. Me falta fôlego pra cuspir os meus corpos masculinos tão plásticos.

Passo horas acertando o relógio para ver se de alguma forma encontro uma direção qualquer. Corro no caminho contrário ao bloco do carnaval. Enquanto você me espera ao lado do palhaço, eu, Colombina, lhe coloco um laço vermelho e guardo num canto qualquer do guarda-roupa. Embrulho, embromo.

Na minha boca o gosto amargo dos dois maços de cigarro se misturava ao chicletes de menta enquanto eu engolia bolinhas de sabão docemente amargas. Na sua boca um gosto amargo de passado misturada a doçura do carnaval. Nos enchendo com nossos vazios.

Já inchada de tanto nada, me amarrotei num carnaval, me amarroto em vários carnavais, mas um dia eu vou arrematar. Ah! um dia eu arremato.

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