Aonde mora meu lugar feliz?

Sabe quando até o seu lugar feliz parece triste? Ali, desenhando todos os prédio da cidade, eu me perguntava se ainda vou ver o céu. Exalando cansaço pelos poros, naquele sol que não vinha de um Belo Horizonte. O cara que escreveu o roteiro da minha vida deve ter esquecido de colocar as vírgulas, penso. Contudo, eu aprendi a abrir parênteses e para fazer o coração palpitar de outra coisa que não seja aflição. Injeções e mais injeções de adrelina. Injeções e mais injeções de nicotina, de tequilas, de amor temporário ... No meu cartão de vacina a moça carimba fuga e lá vou eu naquela na minhoca cheia de gente. Trânsito, trânsito, trânsito e a fila dos outros sempre anda mais rápido que a minha, mas é que eu não sei direto para onde estou indo e por isso não pesquisei as rotas mais curtas ou menos engarrafadas.
"Numa multidão de amores sozinho é quem não espera". Minha cabeça não parava de pensar naquela frase de parede de bar. Eu me indagava: Qual é o amor que eu estou procurando? Naquela multidão de gente, atrás da montanha, vendo o rio passar, eu me perguntava acuada em qual porto eu tinha me perdido e quando é que o barco vinhame levar de volta. O rio corria e meu velho não estava mais ali, embora estivesse, para me ajudar.
Já nem sei mais quantas noites acordada. Já nem sei mais quantas vezes no escuro acordo para ver se ele ainda respira, ainda que com toda a dificuldade possível. Obrigatoriamente, amanhã a vida começa cedo e ainda que não consiga ou ainda que eu não dê conta, todas as pessoas me esperam lá com seus relógios. Enquanto todas as pessoas sonham, eu me reviro na angústia. Nos dias em que não me obrigo ver o sol nascer, minha noite começa as 6h da manhã.
Sabe moço, quando você me jogou no mundo, receio que tenha me dado uma mochila maior que eu. Vivo a arrasta-la, isso me causa muito cansaço. Logo, não tenho tempo para amar, não tenho tempo de trocar minhas roupas, não tenho tempo de... Você podia ao menos não ter inventado o relógio, ai já me ajudaria um bucado. A solidão tem tomado conta, mesmo acompanhada. Mas sabe qual é? Amanhã eu não quero satisfazer ninguém além de mim. Criei um roteiro, porque sabe alguns capítulos valem muito a pena. Aqueles com participação especial, mas que vocês escreve a história. Meu lugar feliz? É um banco dentro de mim que meu velho sentou-se por muitas vezes. Hoje apenas eu vou visita-lo no lugar feliz dele. Lá se vai a noite e eu peço calma e um pouco de paz e principalmente, sono, muito sono. Boa noite, moço, moça e a senhorinha de 82 anos que ficou ouvindo essa história.

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