Bo- rã - o

A voracidade e a doçura se misturavam no reflexo dos meus dentes em teus olhos
Em meio a fumaça do cigarro, seu rosto era o borrão mais bonito que eu já tinha visto
Teus dedos entrelaçados aos meus cabelos faziam meus cachos cairem em serpentinas de carnaval
Mas faltava uma ponte entre o passo do meu desejo e a insegurança das minhas pernas

Seu corpo inteiro cheio de desenhos e nenhum nome, gritava: decifra-me
Diferente da trilha sonora que tinha nome e nenhuma letra
Danço nas suas beradas esperando tropeçar e cair em alguma porta aberta tua
Você ri do meu improviso, mas é que meu corpo já viveu demais para aquele figurino
Eu conto os dentes entre os teus lábios, mas não termino
Talvez porque nú eu te entenderia ainda menos

Teus olhos me traem com a sua nuca e me sinto destentada
Não aceito o sentimento indigente
Vou enterra-lo quando houver um nome
Não o perdoô pela alegria desta noite
Mas teto de porão não acorda com minhas lágrimas de lamentação, tampouco com a chuva

Coloco-te na minha estante como um livro não lido
A imensidão azul da capa é a cor que escolhi para os ventos das suas palavras sopradas ao meu ouvido
Velojo a encontrar uma plaquinha de fim no mundo redondo
Céu e mar se encontram na imensidão azul e vejo que perdi teu sopro
Agora tenho apenas o abraço em que as pontas dos dedos não se encontraram
E a vontade do reencontro
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