Mesmo rosto

Todos os dias as 19h volto a estaçao de trem para me despedir de Pedro. E um jeito de me sentir mais perto dele, como se ele estivesse ido embora ao pouco. Pedro tinha o mesmo rosto nas despedidas nao importava se tinhamos nos divertido, se tinhamos brigado, se tinhamos nos amado, que na hora de dar adeus, ele tinha o mesmo rosto. Era uma mistura de alegria, ternura e tristeza. Naquele dia, na estaçao de trem, Pedro teve o mesmo rosto ao ir embora.

No caminho de volta para casa sinto falta do barulho dos passos dele, da voz, do sotaque nordestino carregado que nao parava de falar, enquanto eu so sentia vergonha dele pegar a minha mao tao suada. Sinto falta da reclamaçao que ele arrumava quando  tinha que dividir a cama comigo e do mal humor matinal. Sinto falta do "te cuido" e de encaixar minha cabeça entre o pescoço e a cabeça dele.

Sabe aquela mania que eu tinha de colocar o despertador dez minutos mais cedo so pra acordar e ficar um pouco mais com voce, acabou. Eu nem sabia que mania acabava. Sabe aquela mesa de centro que voce sempre esquecia a chave, vendi. Agora a mania que voce tinha de nao colocar acento nas palavras, ficou pra mim.


As vezes a noite saio para caminhar, saio para te esquecer. Compro um cigarro picado, coloco o fone de ouvido, sento no banco da praça e leio o jornal. Tres long necks e depois fico ouvindo sua voz pela casa. Fico com saudade dos seus calçados espalhados pela casa. Daquele cheiro de sabao em po das suas camisas e do cheiro de suor do bone. Sabe que hoje eu quase fiquei com uma quase vontade de ir te ver, mas ai adormeci no sofa.


0 comentários:

Copyright @ Centopéia | Floral Day theme designed by SimplyWP | Bloggerized by GirlyBlogger