Pai ternal

Quase todos os dias passam sem com que a gente perceba, mas alguns marcam nossa vida para sempre. É quase como quando vc entra numa rua  e percebe que não tem saída e tem que voltar pelo mesmo caminho.
Hoje mais uma parte do meu pai morreu. Esse velório quase mensal tem tornado meu coração fúnebre. Acho que ainda não aprendi a viver sem o braço direito dele. Acho que na verdade eu não sei viver nem sem o dedo mindinho dele.  É como se eu tivesse perdendo meu cordão umbilical com o mundo. As vezes sinto vontade de voltar para o útero e retroceder os nove meses.

Eu ainda acordo no meio da noite pra ver se ele ainda está respirando e pra ver se eu ainda estou respirando. Eu ainda tento falar com ele todos os dias, num esforço imenso. As vezes apenas fico lá segurando a mão dele, pra que ele não desista ou pra que eu não desista. Quando digo para o mundo que está tudo bem, não é lá muito verdade. Quando eu  digo a ele que ele está bem, também não é lá muito verdade. Tem dias que marcam a gente pra sempre. Hoje uma pequena morte de uma parte, já me marcou, pra sempre.

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