Faz quarenta dias...

"Faz quarenta dias que eu estou no meu barco a vela
Não me sinto tão sozinho, eu tenho meus amigos
Só aparecem quando eu bebo
Só aparecem quando eu não sou eu"
(Musica: Pra abrir os olhos, banda Vanguart)

O fosforo queimava meu terceiro cigarro, na fumaça retocada pela luz eu via as pessoas passarem com seus relogios, apressadas, enquanto eu continuava sentada naquele banco da praça. Com medo que a qualquer momento meu peso fizesse ele tombar em alguma das pontas. As long necks ao meu lado vazias as 3 da manha. Eu queria avisar pra alguem que nem sempre foi assim e que eu ja sai rodeada de amigos. Antes deles terem relogios, cachorros e relatorios. Mas achei que nao seria conveniente parar um estranho pra dizer isso.

As 5 da manha todos pareciam ja ter criado seus proprios problemas e suas proprias afliçoes. Eu tinha um maço de calton vazio, umas long necks no chao, um pulmao destruido e um pouco de sono. Caminho meio tonta ao ponto de onibus. Encontrava com quem dividir um beijo, mas nao encontrava com quem dividir um sorriso.

Todos mergulharam-se em seus proprios problemas, eu e que fiquei a margem.  Com os baloes de oxigenio, ninguem sobe pra respirar e por consequencia ninguem me ve.


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