adormeci ao relento
costurando essa poesia vadia
o vento baila pelo meu corpo
como a bailarina que flutua no palco
os barcos somem no horizonte
e os fiapos de dente de leão
sendo levados pelo vento
o sol vem nascendo, de longe
o calor envolve minha alma
amanheço
com o mesmo sorriso de outrora
aquela mesma esperança tola
de ser feliz todos os dias
o quão foi em vão ter chorado
o quão foi em vão ter medido
tomo o velho chá das cinco
aquele que eu nem precisei adoçar
a árvore joga tuas folhas sobre minha poesia
agradeço a sombra
volto a beira do cais
enquanto o sol troca de lugar com a lua
agora só escuto Tom Zé me chamando de menina
há dias que parecem as histórias que meu pai me contava na infância
agora estou sozinha
mas esse silêncio é paz
adormeço