sábado,27
sábado,27

A Janela do mundo


Quando eu era pequenininha ficava doida para ver o que tinha do outro lado da janela. Um dia, minha mãe me pegou pela mão e me levou até lá. Subi na cadeira para enxergar o que havia lá fora. Fiquei espantada com tanta coisa e minha mãe me disse: - minha filha, aquilo lá fora é o mundo, um dia você vai ter que passear por ele. Eu fiquei doida para conhecê-lo melhor. Desde então, cada dia eu ia saindo um pouquinho e voltava sempre com alguma dúvida. Minha mãe ia me explicando e dando orientações de como viver lá fora.

Me lembro da primeira vez que visitei o mundo, minhã mãe me deu uma mochila com blusa de frio, lanche e um telefone para eu ligar caso houvesse problema. Com o tempo, ela deixou de preparar o lanche e de me dar a blusa de frio. Tive que ir aprendendo a conseguir a minha comida e a me esquentar para não sentir frio. Passei por alguns momentos difíceis e antes mesmo que eu esperasse eu tive que passar mais tempo no mundo do que no aconchego de minha casa.

A mochila começou a ir vazia. Com o tempo, eu fui percebendo que só podia carregar a minha bagagem cultural. Tudo que eu aprendi dentro de casa e janela a fora eu ia carregar comigo e isso era tudo que eu poderia ter. A mochila anda cada dia mais cheia, as vezes desfaço de algumas coisas e coloco outras novas. As vezes dou de presente pra alguém, outras vezes, ganho presente. Minha mochila tá se modificando e sei que isso é tudo que tenho, é o que carrego comigo.

Hoje, por vezes, sinto vontade de fingir que não alcanço a janela, sento embaixo dela e me esqueço que o mundo lá fora existe. Dá saudade do tempo em que eu era pequeninha e não podia enxergar aquele monte de coisas. Dá saudade de quando eu levava o lanche e a blusa de frio na mochila. Por vezes só quero estar bem embaixo da janela.

Foto do site: http://almacollins.zip.net/arch2007-05-20_2007-05-26.html
sábado,27

Entreaberta

Porta entreaberta
A luz pela fresta
Tua silueta me encanta
O escuro espanta

Sublime abismo

Vejo teu sorriso
Não corro o risco
Tenho medo do precipício

Corro da chuva
Me protejo
Se inundar
Velejo
Se não
Vejo
quarta-feira,24
quarta-feira,24

In certa

Feito um malabarista

Finjo ser artista

Equilibro os desejos do corpo

Com medo do desgosto

Mas qual é o gosto?


No chão retalhos

No mogno retratos

Quero costurar

Falta agulha e linha

Talvez eu sinta

Talvez eu minta


Não tenho passaporte

Entrego-me a qualquer sorte

Fico presa

Torno-me presa


A angústia me elucida

Respiro tímida

A vontade me engana

Eu não tenho gana

Fico quieta

In certa

domingo,21
domingo,21

O amor é um ninho de passarinho

Era um amor inocente
Talvez até um pouco displicente
se é que o amor pode sê-lo
Vinha silencioso, pedindo calma ao corpo
Não queria, pois, causar alvoroço

Tamanha era sua candura
que, em meio a tantas juras,
o coração jurou cautela
teve medo de sofrer mazelas

Sabia ele que a vida é feita de pedacinhos
e que o amor é um ninho de passarinho
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