Mãe sempre diz para deixarmos as coisas onde encontramos
Mas eu tinha me esquecido
Agora vim devolver o obtido
Ou o perdido
Deixo tudo aqui e sigo por ai
Vou sem malas
Sem nada
Devolvo o violão sem cordas
Entrego-te as conversar demoradas
Devolvo meu sorriso sincero
Guardo para mais tarde os abraços singelos
Devolvo os cuidados
Alias, estes lhe deixo de presente
Porque nenhum cuidado é suficiente
Deixo aqui os cafés que não tomamos juntos
Levo todos os momentos injustos
Deixo as tardes que não sentamos no banco da praça
Escondo meu rosto sem graça
Vou a locadora devolver os filmes que não assistimos
Deixo no circo o tempo que não nos divertimos
Coloco uma luva em todas as vezes que nossos dedos não se entrelaçaram
Deixo em cima do cômodo todo o passado
Apago a melodia que eu nunca compus
Guardo os beijos para quando não houver luz
Jogo fora as preocupações em não perder
Me perco
Rasgo a carta que um dia eu escrevi
Fecho as portas que abri
Devolvo a proteção
Escondo meu coração
Vou embora
Talvez eu volte
Outrora
Talvez não
3 comentários:
... esse texto me fez chorar hoje a tarde. Tanto que deixei pra comentar agora de noite, mas estou chorando outra vez. Não porque você tenha o escrito pra ser triste, mas porque li estando triste...
Sim! é preciso pôr um fim, uma ordem nas coisas, dar uma calma pro coração. A gente às vezes tem pergunta pra tudo, mas precisa aceitar que às vezes também não existe resposta pra tanta pergunta.
enquanto isso a gente sorri. e vai tocando em frente. sem parar...
Vim dar uma moral pra blogs velhos, rs.
A gente tem que ter um pouco de calma com a gente. Tem que tomar cuidado com a solidão... a solidão é triste, e machuca. a solidão de espírito é pior porque mata, não matar no sentido real da coisa, mas nos deixa vazios.
Feche portas e rasgue cartas, mas esteja certa que o remendo é um bom remédio. o erro, quando é fruto da tentativa do melhor pra gente, é um erro sábio.
Gostei, mesmo!
Pra dar Eco!
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